Mais uma vez vi a morte, enquanto a " Menina que roubava livros" tentava me convencer.
Três olhos azuis da cor do céu de junho; agora resta apenas um - aberto.
Eu vi as placas pretas e amarelas se somarem ao dilúvio de pensamentos e contei as cruzes espalhadas pelo acostamento de quase 250km. Será se ele estaria dirigindo ou pensando naquele tempo eterno? Foi o que pensei. Mas não ousei perguntar.
De vez em quando o silêncio era substituído pela característica conversa fiada dos Neivas, herança legada a gerações. Não produzi lágrimas. Chorei por dentro.
Aquela casa velha de dois séculos ainda tem sim o cheiro acre de seus cobertores e fico imaginando quantos risos ou lágrimas se escondem por trás de tantos anos. Quantas brincadeiras à mesa...quantas noites mal dormidas...quantos sonhos que se dissolveram... É ali onde estão os meus mortos. É ali que começa a minha história.
Do canto da sala salmão, a poucos quarteirões do casarão principal, as lágrimas eram ininterruptas e o cheiro inconfundível. Havia ali uma parte do início e um semblante do fim. Pela porta que a Morte entra a felicidade sai. Só depois de alguns mortos encarei aquilo com a naturalidade devida. Meu coração estava a mil. Mas não era só por isso.
Lembrei daquelas férias que mais parecem fotografias de um filme antigo. Aquelas lembranças guardadas com o sabor de picolés de morango. Nem mesmo um resfriado podia impedir. O segundo par de olhos azuis era doce. Guardava no olhar o sofrimento de uma vida que de fato não acompanhei, de perto.
Me aproximei das lágrimas e dos crisântemos. Só desejei poder ver novamente aqueles olhos azuis. Eles estavam cerrados. Sabia que nunca mais ofereceriam um picolé de morango. Me confortou a idéia de ainda haver um par.
Voltei daquela terra e cá estou viva. O bastante para poder não estar amanhã. Mas o que importa mesmo é hoje.
Três olhos azuis da cor do céu de junho; agora resta apenas um - aberto.
Eu vi as placas pretas e amarelas se somarem ao dilúvio de pensamentos e contei as cruzes espalhadas pelo acostamento de quase 250km. Será se ele estaria dirigindo ou pensando naquele tempo eterno? Foi o que pensei. Mas não ousei perguntar.
De vez em quando o silêncio era substituído pela característica conversa fiada dos Neivas, herança legada a gerações. Não produzi lágrimas. Chorei por dentro.
Aquela casa velha de dois séculos ainda tem sim o cheiro acre de seus cobertores e fico imaginando quantos risos ou lágrimas se escondem por trás de tantos anos. Quantas brincadeiras à mesa...quantas noites mal dormidas...quantos sonhos que se dissolveram... É ali onde estão os meus mortos. É ali que começa a minha história.
Do canto da sala salmão, a poucos quarteirões do casarão principal, as lágrimas eram ininterruptas e o cheiro inconfundível. Havia ali uma parte do início e um semblante do fim. Pela porta que a Morte entra a felicidade sai. Só depois de alguns mortos encarei aquilo com a naturalidade devida. Meu coração estava a mil. Mas não era só por isso.
Lembrei daquelas férias que mais parecem fotografias de um filme antigo. Aquelas lembranças guardadas com o sabor de picolés de morango. Nem mesmo um resfriado podia impedir. O segundo par de olhos azuis era doce. Guardava no olhar o sofrimento de uma vida que de fato não acompanhei, de perto.
Me aproximei das lágrimas e dos crisântemos. Só desejei poder ver novamente aqueles olhos azuis. Eles estavam cerrados. Sabia que nunca mais ofereceriam um picolé de morango. Me confortou a idéia de ainda haver um par.
Voltei daquela terra e cá estou viva. O bastante para poder não estar amanhã. Mas o que importa mesmo é hoje.
Um comentário:
Vou começar a ler esse livro semana que vem! (:
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