quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Pólvora.

Você não é aquilo que crêem.
E quanto de si não é exatamente o que você acredita ser??
Foram lágrimas frouxas.
Tempos bem vividos.
Lembranças vivas, inadequadas, suspeitas, amadas.
Muitas vezes os calos se formam sob nossos pés.
É duro caminhar,
Seguir adiante sem pedir ajuda.
E nem sempre a ajuda que pedimos vem das palavras ou gestos.
Uma ajuda-muda.
Muda.
Muda tudo.
E tudo é tanto em tão pouco.
Tudo no espaço de quase nada.
Um silêncio amargo e solitário.
E um medo inconfundível de já não ser como antes.

Vagando

"E quem irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?"






Neste momento, esta frase me veio a cabeça.


Estagiária do núcleo da Defensoria da Central de Flagrantes;
Ou as coisas estão melhorando ou vão piorar de vez.
Já perceberam que quanto mais se procura menos se acha?
Enfim....Murf e suas leis me perseguem.
Assim como minha frágil saúde tem me seguido.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Almoço.

Posso correr em cada esquina.
Driblar os segundos.
Expor as horas.
Voar além do tempo.
Além dos planos.
Além dos ventos.
Sorrir da velha graça.
- de graça.
Azul do céu de Junho.
Calor de Outubro.
O espaço de um momento.
Um cor de rosa vivo.
As lágrimas contundentes.
A vida inteira.
- um minuto de repente.



Quem disse estava certo.
Nenhum amor compete com o outro.
Li isto em uma folha arrancada e amassada.
Fruto de um furto - a menina que furtava plantas agora furta páginas amassadas.
Pra quê tantas revistas velhas no consultório médico?
" Somos amorosos polivalentes"( André Lima, psicoterapeuta e autor de O Pai e a Psique)
E isto é sim uma verdade.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Tá, tá, tá.

Me ligaram da defensoria - ninguém sabia onde me encontrar.
Encontraram.
Aniversário do panda - comemoração tripla.
Se fosse só aquele mexicano talvez bastasse - este tal de Jose Cuervo.
Dizer seu nome me remete ao "Raulllll."
Chamei os dois.
Passei um dia no trono.
-E ainda estou suando frio.
Secnidazol para garantir.
Uma peça para entregar.
Uma preguiça de lascar.
E uma visita obrigatória ao cartório para autenticar documentos.
Vida burocrática.
Parte chata.....
A semana está só começando.

sábado, 25 de outubro de 2008

Um ano.

Para que servem os clichês?
Não saberia de fato nem ao certo, mas no mínimo, são uma boa forma de economizar palavras e constatar fatos. Sim, definitivamente o mundo dá voltas. Se ele é redondo, bem.... Eu não sou Galileu Galilei e os tempos são outros. A terra é redonda, mas não creio que voltamos para o mesmo lugar.

É aí exatamente onde se enquadra meu caríssimo Heráclito e sua teoria do devir. Ninguém banha no mesmo rio duas vezes...enfim... as águas já correram e você nunca será o mesmo ainda que seja induzido a tomar a mesma atitude.
Foi assim a exatamente um ano atrás.
Um sábado qualquer, como tantos outros sábados.
Aula pela manhã de um assunto nada fácil...pior ainda constatar que o conhecimento agregado não é lá o que eu mesma esperava, o que não quer dizer que é tão pouco assim.
E como tudo era tão diferente a um ano atrás... quantos sonhos se perderam, quantos fatos se sucederam e quanta nova mágica há em cada segundo que me persegue... e isso só foi a um ano.
Num lapso me veio esta lembrança:
Atrasada, consequentemente descabelada, mas muito bem-humorada.... e ele estava ali como há muito tempo esteve. Sentado, calado, introspectivo.... Um dia depois do seu aniversário - que eu não liguei para lhe desejar toda a felicidade do mundo. Me abaixei até sua carteira e lhe dei um abraço e um beijo carinhoso no rosto.... lhe desejei de coração toda a felicidade do mundo sem saber o tamanho da responsabilidade que carregava naquele desejo. Sem saber que de certa maneira, em algum momento, o destino cobraria a minha participação nesta felicidade. E foi tão singelo quanto seu sorriso e seus olhos que me agradeciam o carinho recebido... Alguns mais afoitos - inclusive o professor!- soltou um " ummmmmmmm". E aquele momento ficou estaticamente guardado em minha mente... Pela inocência que guardávamos e o respeito que dedicávamos a nós e a quem nos acompanhava.
Sim...não nos banhamos duas vezes no mesmo rio.
Sim... o mundo dá voltas.
E nesta volta a correnteza por muitas vezes nos deixara cansados... e buscamos novamente a margem do rio, como uma segurança. O que estava por vir viria de dentro de nós mesmos. E eram só sonhos. Tantos sonhos quanto a vontade de que tudo fosse possível.
Hoje, o destino bateu à minha porta. Mas ele nem precisou pedir, ou cobrar meus próprios desejos.... disse a ele que cada segundo é pouco para tudo quanto posso. E por acreditar que posso tanto.... vou dar tudo de mim por aqueles olhos e sorrisos que hoje me são tão recorrentes e tão amáveis.
E eu sei que ele sabe disto - ainda que por muitas vezes seja difícil de crer.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Chata.

Se TPM fosse realmente algo de muito bom os homens teriam.
E seriam felizes por isso.
O problema não é só a súbita vontade mortal de devorar chocolates...
É a impaciência.
A incerteza.
O medo.
E a falta de compreensão do mundo para com os pobres hormônios descabelados.
Então muito bem....temos dia marcado para a chatice.
[Os homens são sempre tão chatos!]
-Crise feminista.


E no próximo mês tem mais de novo!


sábado, 18 de outubro de 2008

À esquerda.

São os fatos que carregam os dejetos humanos que se incorporam às nossas vidas.
Já viu quanta gente inútil nos cerca, extraindo de nós todas as nossas energias?
Sim.
É muito cômodo atribuir a alguém a frágil inclinação de caráter que o persegue.
E eu o vi a algumas cadeiras.
Morto pela vida que carrega.
Morto pelo caminho que escolheu.
E um tipo raquítico-obscuro que lhe manipula a alma.
Nem é mesmo uma marionete.
Elas desempenham seu papel com mais lucidez e resignação.
São marionetes, não querem ser humanos.
E quanto de si é deixado para trás neste ridículo círculo de manipulações?
Meus sinceros pêsames caro ex-amigo.
Você não é a vítima que acredita nem o ser humano que queria ser.
É um triste espectro de uma vida.
E eu decididamente me recolho às minhas convicções.
Nada de muitos risos.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Um NãO.

Ah tudo bem, porque as vezes não saber dizer NÃO ou é muito ruim ou um curto caminho para se chegar a lugar nenhum.
Mas há quem se chegue a lugar algum e encontre uma bela razão para estar.
E não é o simples fato de dizer NÃO.
Não daquela maneira como quando se procura algo naquela bolsa além do infinito e segundos depois encontra-se o objeto desejado - posteriormente à frágil certeza de que ele não estaria lá.
Um NÃO de verdade.
-Sério?!
A seriedade é exatamente o que escapa aos meus lábios frouxos e inclinados.
E meu riso constantemente depõe contra as minhas supostas palavras aparentemente rudes.
Saber dizer NÃO, definitivamente, é uma virtude.
Um não confortável.
Aceitável.
Compreensível.
Invejável.
Simplesmente um NÃO... com toda a prerrogativa do dever ser.
Um dia eu chego lá.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Quase tudo.

Pára!
Não está escuro.
Os lençóis estão claros.
São só sussurros?
Palavras abafadas.
Olha para.
Vê o que meus olhos dizem.
Uma nova mágica confusa.
Presos ao infinito.
De tudo que existe.





[ outro.]
Olhando para trás.
A uma distância curta de meia-vida.
Só versos simples.
Uma poesia de risos e lágrimas.
Nenhum segundo perdido no espaço.
Ainda quando se sabia do que não era, nem se podia.
Ele estava assim, me dando mais do que recebendo.
Me ensinando talvez mais do que aprendendo.
Numa confusa sensação de que se é tudo ao contrário.
E lhe sou grata pelas práticas lições, pelos dias incríveis, pelos sonhos construídos, pelas lágrimas divididas......
Por tanto e tudo, que nem saberia por onde começar.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

.Contrato.

Sabe...eu faria sim um contrato.
Mas seria de adesão:

CONTRATO DE AMIZADE ETERNA (estende-se aos descendentes!):

Cláusula I: Pelo presente contrato seremos amigos, e por sermos amigos, nos amaremos infinitamente.

Cláusula II: Quando brigarmos nos comprometemos a chorar de raiva e rir de alegria por descobrir que nenhum motivo é tão razoável para nos separar.

Cláusula III: Não precisaremos de dia, telefone ou hora certa para saber que o presente contrato tem vigência. É de eficácia plena!

Cláusula IV: Estaremos sempre juntos, unidos pelo amor que carregamos dentro de si e sempre enviando boas energias uns aos outros.

Cláusula V: Cuidaremos cada um de si e do outro como a si mesmo: sempre, a qualquer hora e a todo instante.

Parágrafo único: Cabe às partes a manutenção da amizade eterna, entretanto é permitido à contratada furar encontros, esquecer telefonemas e sumir do mapa sem que com isso, a contratante, possa rescindir o presente contrato.

Cláusula pétrea: Aderindo ao contrato, não aceitamos devolução.


Me perdoem aqueles que passaram, se perderam, ou nunca se encontraram.
Eu sou assim:
Indisponível.
Tratante.
Difícil.
Furona.
As figuras ilustres do meu caderninho já nem me cobram mais.
Já conhecem de fato.
E são essas tão compreensíveis almas que alegram a minha existência.
Que mesmo a uma distância completamente plausível me são recorrentes.
Nas lembranças.
Nos gestos.
Nas lágrimas abafadas.
Nas gargalhadas frouxas
Nas histórias descabidas.
Eu as amo infinitamente da minha melhor maneira, ainda que de maneira tão estranhamente não convencional.
Amo ainda aqueles que sequer pensam que os amo.
Amo pelo simples fato de serem, poderem e existirem.
E eu nem preciso dizer isto todas as manhãs.
Em algum lugar todas elas sabem disto.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Em frente.

As remissões persistentes nada mais são do que lembranças felizes.
Momentos felizes.
Dias felizes.
A maneira mais simples de não mais viver concretamente o que não se mostra necessário.
Então aumenta-se a corda.
Alguém poderia segurá-la e isto seria válido até certo ponto.
-Se ela não estivesse presa ao seu pescoço.
Não vamos falar de uma bóia ao mar.
Nem de um salva-vidas conveniente para seu previsivél desespero.
É exatamente isto que a sua parte medríocre necessita.
E ninguém gosta de ser medríocre consigo mesmo, se tem consciência de que isto não é tão engraçado assim.
Vejamos bem quanto isto vale.
Nada de contas.
Propostas.
A verdade é que somos, estamos e vivemos.
Por isso, tudo se move em constante harmonia, ainda que sem sentindo para alguns.
As promessas são portas largas.













[naquele tempo]
Quando eu usava calças azuis sentava em carteiras verde claro, dedilhava canetas, escrevia em borrachas e imaginava o que viria após o fim do ano.
Um dia, fazendo uma prova de física imaginei como seria a vida pós aquilo tudo e fixei no fundo da minha massa cinzenta a lembrança daquele dia e do que tinha pensado.
E hoje lembrei de quando sonhava em como seria hoje - apenas hoje.
Esta mania ainda me persegue e nada do que imaginei aconteceu exatamente.
-Como tudo na imprevisível vida que tomamos para si.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Amém.

O telefone tocou às nove.... e se fosse engano seria no mínimo conveniente.
Não era.
E quantas lágrimas se escondiam atrás de um belo sorriso.
De memórias tão delas.
De sonhos interrompidos.
Me permito estar atônita a treze andares.
"Que os anjos digam amém"
-Eles vão dizer, querida.....

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

.Miss.

Eu estava sim, naquela fase em que já não se sabe de onde vem - como talvez tantas outras vezes. E nesta certeza de nada, perdida por quase tudo, encontrei quem não estava perdida, mas que também não sabia onde estava. E ela me deu um sorriso de canto de boca.... o nariz estava sujo de pó. Então tá.... não faria o meu tipo a primeira vista, mas estava curiosa de onde vinha toda aquela balbúrdia. Todos falavam e comentavam - ainda falam e comentam.
O que ela faz e como faz?
A alguns muitos quilômetros e um oceano inteiro pela frente ela estava ali, e ainda está (não sei até quando). Com roupas rasgadas, unhas mal feitas, uns tragos a mais, uns goles a mais, juízo de menos e um estilo retrô. Algumas pessoas me perguntam de onde saquei este gosto por tal criatura. É tão óbvio quanto previsível: já ouviram ela cantar?
"Ladys and gentlemens: Miss Amy Winehouse."
Então após nenhuma relutância ela canta todos os dias em meu banheiro, na minha sala, no meu computador, na minha mente....
Amy grudou em mim. E eu grudei nela.
Virou moda então seus cabelos, roupas e maquiagem que são exaustivamente copiados dia após dia. E talvez os homens não entendam esta fissura superficial, esta amy-mania.
Mas veja bem, meu bem. O belo está exatamente nisto. Nesta intensidade incontrolável, nesta liberdade inatingível, neste sonho diário, neste amor incompreendido....Neste estilo indefectível, nesta vida à toa. Não é o fato dela usar drogas, andar por aí se destruindo diariamente que tira o seu mérito de carregar exatamente aquilo que nós mulheres deveríamos carregar dentro de si: a liberdade de ser e sentir cada segundo de uma maneira única.
Nós nos submetemos a padrões, a pessoas, a status, à sons... nós nos esquecemos do que gostamos, cedemos uma parcela de si a cada dia em prol do outro e esquecemos até onde vai os nossos desejos mais profundos.
Então chega a Amy... e diz a cada uma de nós que sejamos um pouquinho da Amy que carregamos dentro de si, na medida exata - nem ela aguenta ser tão Amy todos os dias.
E por tudo isto, por favor, não me perguntem mais o que vejo na Amy porque eu seria incapaz de descrever tudo isto.






Aos que ainda não se renderam aí vai uma dica:
  • Love is a losing game.
  • Me and Mr. Jones.
  • Valerie.
  • Just Friends.
  • Best Friends.
  • Wake up alone.
  • He can only hold her.
  • Some unholy war.
  • Tears dry on their own.



"So we are history
The shadow covers me
The sky above a blaze
that only lovers see"

.Assimsim.

[É só o silêncio companheiro.
Mudo.
Surdo.
Indolor.
À espreita de qualquer tola palavra atrevida.]




[Era tão óbvio que poderia parecer ridículo.
Todo dia vejo um novo caminho.
Uma nova estrada para seguir.
Sem medo do depois.
E é assim que ganho meus dias.
Um segundo por vez.
]