quarta-feira, 9 de julho de 2008

Querida.

Ela me deu nome de princesa e me vestiu de Lilica.
Comprava chocolates todos os dias na Lobrás.
E me levava ao centro para passear, ainda que depois de alguns quarteirões eu abrisse o berreiro.
Cantava quase todas as noites algumas marchinhas de carnaval para embalar os meus sonhos infantis. Quantas vezes não sonhei com a jardineira triste por culpa da camélia que caiu do galho deu dois suspiros e depois morreu?
Ela tem o sorriso mais cativante que já vi. E me faz rir só de ver aquele rosto corado pela graciosidade de alguns instantes.
Ela me ensinou a comer de garfo - e de boca fechada.
Me pediu que passasse protetor solar.
Me disse que eu devo ter fé.
Acreditar que tudo pode ser melhor.
E que o amanhã me pertence.
Me explicou que temos dois ouvido e apenas uma boca.
Dividiu comigo por 19 anos a sua cama.
Me abraçava nas noites de pesadelo.
Recomendava que tomasse cuidado com o mar.
Que saísse cedo da piscina.
Que não comesse tanto algodão doce.
E que, por favor, aprendesse a falar baixo.
E se passaram alguns anos.
E hoje ela me olha em silêncio. E o seu silêncio consome a minha alma.
Porque ela sabe que não precisa pronunciar nenhuma palavra.
Sabe que dos meus olhos pode ver a minha alma.
Então ela me oferece um abraço.
Um sorriso sincero.
Um afago de mãe.
E nós somos únicas no mundo.
Hoje eu vejo a força do tempo recair sobre o seu rosto, seu corpo, sua vida.
Já identifico rugas antes latentes.
E a sua beleza madura.
Reflete uma vida dura - mas feliz.
Porque seu amor incondicional me consome.
Me dá alegria.
Hoje é um dia especial mais para mim do que para ela.
Ela é meu presente todos os anos.
É a minha luz.
E eu a amo infinitamente.
Porque por ela eu daria todo o meu mundo.
E mais do que meu sangue.


Um comentário:

Flávia Rocha disse...

Menina, mas vc escreve, hein! Adorei conhecer vc. Passe no meu blog, é meio secreto, qse ninguém conhece. Um beijo!