quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Casa de Custódia "Prof. José Ribamar Leite"

Nem sei ao certo
Mas seus olhos nos percorrem de um jeito estranho.
De mãos, pés e almas atadas eles certamente ainda sonham...
Com o que não foram, com o que nunca poderiam ser.
-E são.
Escravos de si mesmos, das grades que os cercam, das almas que carregam.
Paredes borradas, palavras desbotadas, caras amarradas.
E eles são bem atores de si mesmos.
Inconfundivelmente infelizes.
Insatisfeitos.
E não ver esperança em seus olhos tem machucado algumas boas almas.
Não lhe restam nada,
Apenas corpos amontoados em folhas timbradas e certidões do que já se foi.
E aqueles que mataram
Certamente se convenceram de que as vidas tiradas não passam de formigas operárias sem nenhuma importância...
Mal sabem eles quantas lágrimas derramaram, quantos sonhos interromperam, quantas mães mataram.
Eles não sabem....
Porque se sabem não sentem
Não sabem sequer de si mesmos.
São incorrigivelmente aquilo que os faz ser.
Têem um profundo orgulho de serem o que não queríamos que fossem.
E, pela primeira vez em meses, tive medo.
Medo de quem não tem nada a perder.
De quem não gosta de perder
De quem gosta de fazer os outros perderem....
Em algum lugar ali já existiu ou existe algum rastro perdido de bondade.
E com certeza, não é lá que eles vão encontrar...
Apenas corpos que carregam em si um fracasso incomparável.

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