É a Carol; a caçula.
Quase foi Candice, mas um “quem disse” do papai lhe mudou o nome.
E ela chegou depois de quatro anos e um aborto espontâneo.
E egoisticamente ela comemora este fato, pois sem ele talvez não estivesse aqui. Então ela tem dois a frente e tem o direito de fazer algumas manhas. É dengosa, carente, sentimental e incrivelmente adorava ir à escola. Pintava terrivelmente até o “Babi” ensiná-la a fazer alguns contornos e cobrir direitinho as gravuras.
Adorava beijar o bigode do papai.
Plagiava os desenhos da Denise e esperava ansiosamente a mamãe chegar para futricar em suas sacolas. E esta ansiedade lhe acompanha até hoje, como quando depois de 8 dias de enxaqueca lhe receitaram alguns tarjas pretas – que ela não tomou, é claro.
Já quis ser pediatra, veterinária, a Angélica, atriz, jornalista, fotógrafa, historiadora, socióloga, filósofa ou antropóloga... e então faz Direito.
Seu senso de justiça a compeliu a isto;
Agora quer ser defensora pública.
E amanhã nem se sabe mais no que estava realmente pensando.
Tem fascínio pelo mar, pela natureza (nunca deixa água derramando!) e pelos animais.
Acredita em Deus e que é iluminada como todos os outros seres – eles é que muitas vezes não se dão conta disto.
É cabeça de vento.
Inconstante.
Imatura.
Mas busca sempre acertar, e isto lhe causa certa frustração – não pode fazer isto sempre.
É ainda um pouco egoísta.
Busca muitas vezes a aprovação dos outros e tem aprendido a lidar com isto ultimamente. Não tem tentado agradar, nem ser tão quanto os outros esperam.
Ela só quer ser ela mesma.
Conhece alguns caminhos e os que desconhece faz questão de imaginar ou criar.
Amou e foi amada infinitamente – e por tudo isto já valeu à pena.
Chora sentada no banheiro e minutos depois ri na cozinha.
As lágrimas costumam se dissipar no seu riso.
Hoje é Caroline.
Tem preguiça de estudar, fala demais, ri demais, sonha demais e rouba de cada pessoa uma virtude – uma ladra de bons fluidos.
Pode ser chamada de efusiva, mas a sua intensidade está no meio termo.
Tem medo do que é intenso demais, rápido.
Tem medo de magoar e ser magoada.
Compra a tristeza com sua alegria.
E vende um sorriso sincero de graça.
E quem é mesmo a Caroline, de tantas outras Carolines, em meio a tantas outras Caróis, senão aquela ali no espelho? Naquela estranha sensação de que não se é exatamente aquilo que se reflete?
Ainda apenas uma construção.